Porto de Setúbal: Pólo dinamizador do sul do país

O presidente da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS), Vítor Caldeirinha, considera que o futuro logístico e portuário da região de Setúbal e Lisboa e até do sul de Portugal passa pelo porto de Setúbal”, frisando que “é uma tendência longa, estável e imparável, e já somos uma região logística a nível de carga interland (entrada e saída)”. Esta afirmação foi feita na abertura do VI Seminário Plataformas Logísticas Ibéricas subordinado ao tema “Como atrair novos clusters logísticos e industriais e criar emprego”, onde foi também assinado o protocolo de colaboração “Região industrial, logística e portuária de Setúbal rumo ao futuro”, entre a APSS, a Câmara Municipal de Setúbal, a Aicep Global Parques, o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), Sapec Bay e Comunidade Portuária de Setúbal, no passado dia 19 de Janeiro, no auditório do Centro de Negócios do BlueBiz Global Parques (antiga Renault).

Vítor Caldeirinha sublinhou que “temos de perceber esta oportunidade estratégica de criação de emprego, estarmos empenhados em acelerar este processo e temos de o difundir, moldar, maximizar, extrair o melhor e rejeitar o que não queremos como movimentos e terminais que não respeitam o ambiente” e “podemos tornar Setúbal numa região logística ímpar, de top para viver e uma capital logística verde e inteligente”.

“Não temos que temer a concorrência de salutar de outros portos pois somos um porto já com alguma dimensão, com os segundo e terceiro concelhos mais exportadores (Palmela e Setúbal), mas devemos fazer tudo para manter a autonomia estratégica, apostando no seu desenvolvimento com os seus recursos e a reinvestir o dinheiro gerado no próprio porto e noutros sectores ou áreas”, destacou o responsável.

Vítor Caldeirinha salientou “a paz social, imunes a greves” que se vive no porto de Setúbal. “Somos um porto com identidade própria, eficiência, diferenciado e vencedor e devemos lutar para manter isso”, dando números da actividade desenvolvida nos últimos três anos, com um crescimento de 24% no movimento total de mercadorias. Nestes 3 anos, assistiu-se a um crescimento movimentação de contentores, que passou de 49 mil TEU, em 2012, para 121 mil TEU, em 2015, mais cerca de 145%, e um novo recorde neste tipo de carga, igualmente, o tráfego de viaturas recuperou de 136 mil viaturas, para 169 mil viaturas, um crescimento perto de 24%. Assim, regista-se uma mudança estrutural da tipologia das cargas movimentadas no porto de Setúbal, em particular no último semestre, com um grande crescimento das cargas de valor acrescentado, contentores e ro-ro, em detrimento das cargas industriais pesadas, o que aumenta o contributo do porto para a criação de emprego.

“Temos uma área de 3 Km de frente cais, entre a Sapec e o terminal da Autoeuropa, que podemos melhorar e expandir que devemos divulgar internacionalmente para atrair investimento e criar mais emprego”, disse ainda o presidente da APSS, frisando que é preciso “os apoios necessários para desenvolver as acessibilidades marítimas e terrestres e aumentar a ferrovia em mais 5 comboios, para além dos 21 que se faz por dia”.

O presidente da comissão executiva da Aicep Global Parques, Francisco Mendes Palma, considera que o protocolo celebrado visa “mostrar que em conjunto, as várias infraestruturas tangíveis e intangíveis, não podemos esquecer o valor do conhecimento e da formação, representados pelo IPS, conseguem trabalhar em conjunto, aproveitar recursos e esforços de forma a promover a competitividade da região, fazendo com que seja o mais atractiva para trazer investimentos”. “Não é fácil, não há nada adquirido, vamos ter fazer muito trabalho e iniciativa de maneira a que conseguirmos mostrar aos investidores nacionais e internacionais o valor e a razão pela qual vale a pena virem investir na península de Setúbal, adiantou o responsável.

Já o presidente do IPS, Pedro Dominguinhos, recordou que em 2017 fará 20 anos da criação do primeiro curso de gestão de distribuição da logística em Portugal. “A partir de 2017, o IPS terá toda a fileira formativa de ensino superior, quer de licenciatura quer de mestrado, e com um novo curso que iniciaremos, e os novos cursos técnicos superiores profissionais para servir as empresas”, disse o responsável adiantando que “o nosso papel é ter uma oferta e formação de quadros qualificados para que as empresas possam ser mais competitivas”.

A presidente da autarquia sadina, Maria das Dores Meira disse que “estamos todos mais empenhados no desenvolvimento de acções conjuntas para a divulgação das potencialidades das infraestruturas existentes e na dinamização de atracção de investidores” em “prol do desenvolvimento económico e dor progresso da zona logística e industrial de Setúbal e da nossa região”.

 

Logística portuária na região

Seminário debate futuro

Com cerca de 180 participantes, o seminário foi desenvolvido em dois painéis, o primeiro, com apresentações subordinadas às “Novas oportunidades de crescimento e investimento” e, o segundo, com intervenções sobre como “Alinhar stakeholders para exportações mais competitivas”. Alguns dos principais players ligados à actividade e logística portuária apresentarem contributos para o objectivo comum de melhorar o presente e potenciar o futuro do porto de Setúbal.

Pedro Galvão, da Secil, referiu que há aspectos a melhorar no transporte marítimo (que “tira camiões da estrada”), relacionados com os custos, mas também salientou que, com pouco, se consegue muito, dando o exemplo da cooperação entre entidades que permitiu a acostagem de um navio de 200 metros no Terminal Secil, mais 30 que o máximo anterior, diminuindo 25% o valor do frete.

Sandra Augusto, da Autoeuropa, reforçou o carácter inovador e proactivo da gestão logística da empresa, acompanhando as necessidades actuais e prevendo as futuras, que naturalmente incluem o porto, como futuro hub na distribuição da produção automóvel da VW.

O encontro foi encerrado pela representante Ministério do Mar, Lídia Sequeira, que sublinhou os avanços alcançados pelos portos portugueses nos últimos anos, quer em infraestruturas quer em simplificação dos processos, ressalvando a importância da criação dos fóruns para a simplificação dos procedimentos, os desenvolvimentos da Janela Única Portuária (JUP) e da nova Janela Única Logística (JUL), estando-se já a trabalhar na Fatura Única Portuária, rematando que “o transporte marítimo representa 73% do transporte internacional, em Portugal.