Adega de Palmela distinguida pela Organização de Produtores: Presidente apela à conclusão de investimento

O secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira, presidiu à cerimónia de entrega do título de reconhecimento de Organização de Produtores, no sector de vinho para o produto de uvas frescas, à Adega Cooperativa de Palmela (ADP), no passado dia 1 de Junho, na Casa Mãe da Rota dos Vinhos de Palmela. Este título reconhece o mérito e desempenho das organizações e associações de produtores na concentração da oferta e produção bem como no reforço da posição dos produtores na cadeia de valores reforçando desta forma vantagens competitivas no mercado nacional.


Luís Medeiros Vieira sublinhou que o reconhecimento desta adega é “a prova que o cooperativismo é um instrumento importante de organização dos nossos produtores, nomeadamente dos mais pequenos, transformar o produto, acrescentar valor e comercializá-lo”. Além do “cooperativismo ser portador de valores de humanismo e solidariedade é também a razão de fixar as próprias pessoas e as actividades ao território”.
O governante disse que “Portugal é um país reconhecido a nível mundial como produtor de vinhos de qualidade presentes em mais de 150 países e em 2016 exportámos 720 milhões de euros de vinho”, acrescentando que nos últimos 17 anos, o país “conseguiu restruturar 35% do património vitícola nacional com apoios de 800 milhões de euros” e na península de Setúbal “conseguiu-se reestruturar 3.200 hectares que corresponde a 42% da área e foram alocados apoios de 22 milhões de euros”.
O presidente do conselho de administração da ADP, José Manuel Coutinho, salientou que “este reconhecimento permite assegurar maior capacidade de investimento, através do acesso ao crédito, incluindo fundos comunitários, com uma majoração de 10%, melhoramento da cadeia de distribuição e comercialização”.
José Manuel Coutinho frisou que “a nossa missão é transformar a uva proveniente das vinhas dos cooperadores em vinho e seus derivados assim como a sua comercialização de forma a obter os melhores benefícios para os associados”, recordando que “este ano, os nossos vinhos já conquistaram o dobro dos prémios em relação anterior”, destacou.
O responsável disse ainda que os actuais órgãos sociais tomaram posse em 2016 e desde então iniciou-se um investimento de 2 milhões de euros, dos quais já foram aplicados 1,1 milhões na área da recepção das uvas e na sua vinificação e agora “contávamos com um apoio, através do PDR 2020 (Programa de Desenvolvimento Rural), mediante um projecto que tinha sido submetido em 2015, tendo parecer favorável, entretanto o governo mudou as regras e o mesmo projecto teve parecer desfavorável em Outubro de 2016, causando sérias dificuldades à cooperativa e colocando em causa a conclusão do investimento na sua totalidade, que seria dirigido à área do engarrafamento e armazenamento do produto acabado”, denunciou o presidente da ADP, alertando que a “não concretização do restante investimento coloca em causa e em dificuldade o crescimento das exportações, um dos grandes objectivos da nossa casa para não continuarmos dependentes do mercado nacional”. Aliás, lembrou que “temos em curso dois projectos de internacionalização, OCM – Promoção Países Terceiros, um independente e outro em conjunto com a Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CVRPS).
Respeitante a esta preocupação, a directora da Região de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, Elizete Jardim, disse que “as dotações financeiras de cada aviso revelaram-se insuficientes”. “A adega submeteu uma nova candidatura que vai ser analisada, agora com a pontuação de reconhecida, vamos esperar que o orçamento seja suficiente”, disse.
Também o presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Álvaro Amaro, partilhou preocupação pelo “insucesso da candidatura”, frisando que “não pode ter parecer favorável e depois desfavorável” mas “queremos acreditar que a justiça possa ser reparada com outras medidas de financiamento que poderão apoiar os investimentos na adega”.
O secretário de Estado também abordou esta questão, afirmando que “a cooperativa apresentou uma nova candidatura que está a ser apreciada e com este reconhecimento da Organização de Produtores terá outra ponderação, estou certo que efectivamente o projecto será analisado de acordo com o rigor e a transparência e será dada a devida resposta”.
Nesta cerimónia foi lançado o “Moscatel de Setúbal 10 anos”. O enólogo da adega, Luís Silva, disse que “este moscatel é um pouco o resultado desse querer e saber esperar”, salientando que foi feito pelo “método clássico”, onde “foi adicionada aguardente vínica a 77 graus, para interromper a sua fermentação”.