Entrevista com Nuno Canta, presidente da Câmara Municipal do Montijo

“Espero cumprir a confiança que depositam em mim e nunca os desiludir”

Nuno Canta foi reeleito presidente da Câmara Municipal do Montijo, com maioria absoluta, nas eleições autárquicas de 1 de Outubro. Este segundo mandato será marcado pela instalação do novo aeroporto na Base Aérea n.º 6, mas há outros projectos a concretizar como a Casa da Música Jorge Peixinho, a construção de ciclovias com ligação a Atalaia e Pinhal Novo, centros escolares no Afonsoeiro e Pegões, ampliação da biblioteca municipal e a modernização das piscinas municipais.

 

Florindo Cardoso

 

Setúbal Mais – Qual a importância de vencer com maioria absoluta para a gestão da câmara municipal?

Nuno Canta – A primeira questão destes resultados eleitorais, importantes para o PS e para os órgãos autárquicos do Montijo, é que vai permitir ter instrumentos de maior governabilidade. É do conhecimento das pessoas que governámos quatro anos, com maioria relativa, onde a oposição pensou mais nos seus interesses do que na cidade. Esta maioria absoluta é uma mensagem das pessoas para os partidos aprenderem. O povo decidiu que quer a nossa equipa, um projecto e uma ideia mobilizadora como é o caso do novo aeroporto no Montijo. Os montijenses, pessoas extremamente inteligentes, votaram em quem consideram ser o caminho certo para o futuro da cidade. Isso dá-nos muita confiança para os próximos quatro anos mas uma grande responsabilidade perante os montijenses. Espero cumprir a confiança que depositam em mim e nunca os desiludir. A segunda questão destes resultados é a oportunidade para realizar o nosso programa eleitoral.

S.M. – O novo aeroporto no Montijo vai marcar o próximo mandato?

N.C. – Considero que o novo aeroporto no Montijo é o maior investimento feito em Portugal durante esta legislatura do governo. É uma infraestrutura que terá um impacto local fortíssimo, mas também a nível regional e nacional, que exige muito debate e negociação. Durante a campanha eleitoral, disse sempre que precisava de maior força política, para negociar melhor o aeroporto com o governo – até porque éramos a única força política a defender o projecto, já que o PSD calou-se e a CDU era contra, para a cidade acolher bem e com qualidade de vida a nova infraestrutura aeroportuária, como mais escolas, serviços de saúde, esquadras de polícia, reforçar os mecanismos de protecção civil, e assim sucessivamente. O aeroporto é uma realidade que vai começar a ser construído no próximo mandato. Não é simplesmente economia, emprego e investimento mas o retomar da história de sempre do Montijo e isso dá-nos um grande orgulho de podermos liderar este concelho neste momento tão significativo historicamente. Este aeroporto vai ser um elemento essencial da região e tornar o Montijo na nova centralidade da península de Setúbal e isso exige de nós muita responsabilidade.

S.M. – Quais os grandes projectos para o próximo mandato?

N.C. – Temos uma programa eleitoral vasto, com eixos prioritários e queremos concretizar algumas questões essenciais. O primeiro eixo será o nosso modelo de governação aberta, em proximidade com as pessoas, na continuação deste mandato, em que enfrentámos uma crise financeira nacional complicada nos dois primeiros anos, e depois uma crise política aqui na câmara, provocada pelos partidos da oposição, que bloquearam muitas decisões e chumbaram orçamentos e regulamentos, mas mesmo assim tornamos o Montijo num concelho com as contas em dia, reduzindo a sua dívida ao mínimo, não recorrendo a novos empréstimos, aproveitando os fundos comunitários, baixando impostos, e algo extraordinário, que é um prazo médio de pagamento a empreiteiros e fornecedores de apenas dois dias. Isto deu-nos muita credibilidade, transformando o Montijo num exemplo financeiro a nível da Área Metropolitana de Lisboa. O segundo eixo com a aposta no reforço da sustentabilidade e o ambiente, com a limpeza do espaço urbano, já melhorámos muito mas é preciso fazer mais, a minha ideia é encontrar mecanismos, fórmulas e contratar pessoas para esta área. A nível do espaço público, temos um projecto importante que é a Casa da Música Jorge Peixinho e o jardim envolvente que vai avançar após a câmara ter assumido a propriedade plena da Quinta do Pocinho das Nascentes, em resultado de uma decisão do Supremo Tribunal em 2015, um investimento de milhões de euros que terá o apoio comunitário do Portugal 2020, requalificando uma das entradas da cidade. Terá um espaço para actuações musicais, teatrais e performances, e outro para instalar o museu, onde será exposto o espólio como o piano e as pautas que Jorge Peixinho deixou ao município. A nível de acessibilidades, vamos construir duas ciclovias, uma de ligação ao Pinhal Novo, através do antigo ramal do caminho-de-ferro, e outra à Atalaia. Neste caso, sempre foi histórico, os montijenses irem a pé ao santuário da Atalaia, e essa ciclovia permite retomar esse caminho. No eixo três, queremos melhorar a competitividade. Na educação, queremos construir dois centros escolares, o de Pegões e Afonsoeiro, que terão de ser feitos através de recurso a empréstimo de médio e longo prazo. Estas duas infraestruturas vão permitir que o concelho tenha um atendimento praticamente nos 100%, das crianças dos 3 anos do pré-escolar. Pretendemos executar o nosso Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano que prevê a requalificação da praça 1.º de Maio e alguns bairros sociais. No eixo 4, queremos internacionalizar a cidade, com o aeroporto e precisamos de elementos fundamentais. É muito importante a valorização da nossa cultura, tradição, festas e museus. Temos um projecto importante que é a ampliação da Biblioteca Manuel Giraldes da Silva. No turismo, teremos de fazer uma articulação com Lisboa para a gestão turística da região, é uma oportunidade para os sectores da hotelaria e serviços. O reforço dos transportes fluviais para Lisboa, Seixal e Barreiro. Finalmente o eixo 5, de assegurar os direitos sociais e da solidariedade. Aqui temos o projecto de requalificação das piscinas municipais, apoiadas pelo Portugal 2020 e uma proposta para a construção e umas piscinas de lazer, com água salgada, frente à zona ribeirinha, próximas da zona do Saldanha. Nas infraestruturas desportivas, pretende-se que os de propriedade privada passem para o domínio público mas isso exige meios financeiros e um novo estádio municipal. Na área da saúde, a nossa ideia é reforçar os centros de saúde e se for possível integrar o centro de saúde do Montijo com condições dentro do parque do hospital porque tem espaço para isso, cuja proposta já fizemos ao governo e esperamos que seja concretizado nos próximos dois anos. Na solidariedade, vamos continuar a apoiar a rede de emergência pré-hospitalar com ambulâncias. A câmara tem apostado no equipamento dos nossos bombeiros e comprando ambulâncias.