Montijo celebrou Dia do Enoturismo: Adega de Pegões recebe medalhas do XVI La Selezione del Sindaco

Montijo celebrou Dia do Enoturismo

Com 12 medalhas de ouro e prata no XVI Concurso Internacional La Selezione del Sindaco, a Adega de Pegões foi a mais premiada do país e da Europa. As distinções foram recebidas numa cerimónia realizada no Museu Agrícola da Atalaia, nas celebrações do Dia Europeu do Enoturismo.

Florindo Cardoso

A Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões foi a estrela das celebrações do Dia Europeu do Enoturismo, a 11 de Novembro, no Museu Agrícola da Atalaia, onde presidente da direcção, Mário Figueiredo, recebeu as 12 distinções obtidas pela cooperativa no XVI Concurso Internacional La Selezione del Sindaco, pelas mãos do presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, e do secretário-geral da Associação dos Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), José Arruda.

A Adega de Pegões foi a mais premiada da Europa, com dez medalhas de ouro e duas de prata. La Selezione del Sindaco é uma competição promovida pela Associação Italiana de Cidades do Vinho e pela Rede Europeia das Cidades do Vinho, que envolve a participação conjunta de produtores de vinho e do município de proveniência das suas produções, com o objectivo de promover os produtores vinícolas e os territórios que produzem vinhos de qualidade.

Mário Figueiredo agradeceu a todos os elementos da direcção e aos trabalhadores e, sobretudo, aos agricultores pelo trabalho realizado na qualidade e diversidade da produção vitivinícola. O responsável relembrou que a adega está preparada para o futuro, com uma capacidade de 20 milhões de litros de vinho por ano e incentivou os jovens a aderir a este sector. “Quando cheguei à adega, há 30 anos, fazíamos 2 milhões de quilos de uva e hoje são 11 milhões e exportamos 70 por centos para vários países”, adiantou.

Já Nuno Canta manifestou a enorme satisfação e orgulho do município na Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões, sublinhando que “esta é uma cerimónia de homenagem a todos aqueles que fazem do vinho e da vinha a sua forma de vida: os técnicos, os enólogos, os dirigentes e todos os trabalhadores da Adega de Pegões”.

“São medalhas de mérito conquistadas por uma instituição maior do património empresarial do Montijo”, disse o edil montijense, adiantando que “assinalar a nossa cultura, os nossos sucessos, honrar os nossos melhores, valorizar o património vitivinícola, fomentar a produção agrícola é fortalecer a identidade montijense”.

Por sua vez, o secretário-geral da AMPV salientou que a região do Montijo tem condições para se assumir como um destino enoturístico, relembrando que, hoje em dia, os turistas “querem uma oferta integrada, que associe os vinhos ao território, que dê a conhecer os vinhos, mas também os locais onde são produzidos”.

José Arruda salientou que no próximo ano vai ser lançado as “7 Maravilhas da Mesa”, promovendo vinhos, produtos gastronómicos e roteiros da região, com sete finais, cinco no continente e uma na Madeira e outra nos Açores, e esta região vai ficar incluída em Lisboa e península de Setúbal. “Cada região terá a sua final e depois haverá uma finalíssima transmitida pela TV e colocada à votação”, disse.

As comemorações do Dia Europeu do Enoturismo incluíram, ainda, a apresentação do livro “Territórios Vinhateiros de Portugal”, um projecto da responsabilidade da AMPV, e um momento de degustação de produtos da gastronomia regional, confecionados pelos alunos do Curso Técnico de Restauração Cozinha e Pastelaria da Escola Profissional de Montijo sob a direcção do Chefe David Carvalho, acompanhados pelos vinhos premiados no Concurso La Selezione del Sindaco.


Entrevista a Mário Figueiredo:

“Este ano foi uma campanha óptima”

Mário Figueiredo está à frente da Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões há cerca de três décadas. Revelou que este ano foi óptimo para a produção de vinhos.

 

Setúbal Mais – Como está a decorrer este ano em relação à produção?

Mário Figueiredo – Foi uma das melhores produções, senão a melhor colheita das uvas. O ano decorreu de forma maravilhosa, a vindima fez-se bem sem chuva, com bom grau, as uvas tinham líquido. Temos a vantagem de ter na região água para a rega. Este ano, ao contrário de algumas regiões do país, as uvas tinham muito líquido, com uma acidez razoável. Foi uma campanha óptima.

S.M. – Qual é o segredo para a cooperativa de Pegões ganhar tantos prémios?

M.F. – Penso que não tem segredo nenhum. É preciso ter boas uvas, bons técnicos e as coisas bem organizadas. Temos condições para fazer bom vinho. Os agricultores apostaram em várias castas que nos permitem fazer vários tipos de vinho e daí a razão de termos tantos prémios.

S.M.- Estamos a falar de quantos litros de vinhos para este ano?

M.F. – Quase 12 milhões de litros.

S.M. – Qual o volume de facturação da cooperativa?

M.F. – deverá chegar aos 16 milhões de euros.

S.M. – Quantos cooperantes e trabalhadores tem a adega?

M.F. – Temos 99 cooperantes dos concelhos do Montijo e Palmela. Nesta altura do Natal temos próximo de 70 colaboradores, mas em média são 50.

S.M. – Alertou para a falta de direitos de plantação…

M.F. – O Estado tem estado a ceder licenças e há sócios da cooperativa que têm concorrido. Digo é que o país perdeu muitos direitos, aqui de cerca de 800 hectares de vinha para 22 hectares actualmente. Estou confiante que o nível de produção se mantenha, pelo menos nos próximos seis anos. Acredito que os jovens vão continuar este trabalho.